terça-feira, 28 de setembro de 2010

divagação

Quando eu leio sobre xamanismo, eu me sinto esquisita. Sei bem o porquê. É como se eu pudesse ouvir uma miríade de plantas, animais, espíritos indefiníveis, que me envolvessem por trás e sussurrassem nos meus ouvidos.

Quando eu descobri que tinha essa habilidade de ver/ouvir e sentir coisas etéreas, eu não sabia o que fazer.  Sinceramente, ainda não sei. Só sei que começo a sentir a "eletricidade estática" e meu estômago gruda nas costas enquanto minha respiração ganha um ritmo lento, porque entre uma respiração e outra o pulmão me pede para ficar vazio por mais uns instantes.

Será que um dia eu vou cumprir este caminho como deve ser? Será que tenho força de vontade e disciplina?
Eu tenho tanto medo de falhar. Eu me sinto fraca e só. Então eu fecho os olhos e não consigo mexer o corpo, e sinto as presenças protetoras que me guiam, meu agathodaemon, Lobo, a Trepadeira, e outros que não sei quem são. Eles me pacificam. Eles me fazem sentir que sim, eu posso ir adiante, e que aquilo que eu sinto não é ruim ou errado.

Lobo, Coiote e o papel de cada um

Ontem eu e um amigo estávamos conversando pelo instant messenger. Eu reclamava porque a trilha do lobo tem que ser uma trilha de perda, de dificuldades inerentes. Ele reclamava do sofrimento de ser paradoxo o tempo tod e equilibrar coisas que são impossíveis de se equilibrarem. 

Durante algum tempo, nós reclamamos "porque não posso ser do Porquinho da Índia?" sabe, uma vida pacífica e segura. Mas logo nós estávamos rindo disso tudo.

Fiquei pensando em como é importante sermos diferentes E em como na vida em comunidade tudo é necessário. Eu sou a pessoa que está em pé quando precisam de alguém em pé, porque já quebrei tantas vezes que aprendi a resistir a terremotos. Eu sofri tantas perdas que me tornei capaz de aguentar e ajudar os outros. Eu odeio ensinar, mas me vi vestindo o manto de professor o tempo todo. Ele, meu amigo, é aquele com quem eu sei que posso falar dessa angústia porque ele carrega a risada e a dor, e sabe quebrar minha seriedade lupina quando é hora de brincar. Nossas angústias nos ensinam a carregar a alegria dentro de nós, mesmo quando tudo parece estar se esfacelando.

Somos necessários nas comunidades de que fazemos parte tanto quanto são necessárias as pessoas seguras e firmes e pacíficas. E quando nós precisamos de segurança, encontramos nessas pessoas. E quando o calo aperta e é preciso a resistência do lobo, eu posso ensinar. E cada um cumpre seu papel, e cada um se envolve e carrega sua parte no plano todo.

As vezes me cansa andar de barriga vazia, as dificuldades financeiras, as dificuldades espirituais, a sensação de ser traída porque se entrega com tudo. Mas eu sei que esse é meu papel. E sei que embora me falte em algumas áreas, em outras coisas sou rica.

Eu me sinto feliz quando ensino e quando me procuram para aprender, e eu fico feliz quando sinto a presença do Lobo. Eu me sinto gloriosa quando ele me ensina e sei que outro já teria perdido a paciência (porque sou a pessoa mais inconstante e teimo em tentar fugir do chamado).

Eu ainda estou querendo que uma caça bem gorda caia do céu no meu caminho e as coisas fiquem fáceis ao menos por algum tempo. Mas apesar das reclamações, é bom ler, ver e ouvir e perceber que estou no caminho certo e que esse é o caminho que eu devo seguir.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Me apresentando

Não sou uma novata. Estou trilhando essa já faz mais de uma década. Mas sempre fui um bicho meio sozinho. Dois anos que passei com outras pessoas, aprendi tanto, tanto. Agora, tou sozinha de novo. E esse sentimento de solidão me mata. Então,decidi escrever aqui. Mesmo que seja para falar sozinha com as paredes.

Para falar de xamanismo, de trabalho espiritual, de espíritos, de coisas assim. ficando meio na moita sobre identidade, para me sentir mais a vontade de falar.

E é isso. Bem vindos à casa da Loba Manca.