domingo, 7 de novembro de 2010
Lançando ossos
São de resina, não ossos reais. Mas cumprem sua função, não há como negar. A questão de jogar os astragali (astragali é plural de astragalus) veio da última jornada que fiz, em que simplificando, terminei olhando meus próprios ossos cobertos de grama, velhos já, e "colhendo" de entre minhas costelas cinco astragalus.
Por isso não me importei de usar ossos de resina, a princípio.
Eu tinha comigo um saquinho que eu fiz com outro propósito, mas que já acabou. Depois de limpar o saco de pano de tudo que estava impregnado nele, fisica e espiritualmente, foi a hora de buscar Eclipse.
Eclipse é meu tambor. Ele tem esse nome por ter sido feito com um bonito couro peludo malhado. A mancha branca dele parece a sombra de um eclipse. Eu mesma o fiz, mas ainda não sei tocar direito e com isso não o uso tanto quanto ele mereceria ser usado.
Defumei o saquinho de pano com sálvia e alecrim, defumei o espaço com eles. E comecei a bater o tambor. Foi um toque feio, sabe. Não tenho ainda muita habilidade com isso. Mas vamos nos virando. Demorou mas peguei um ritmo e consegui ir. O tambor tocava no automático enquanto eu viajava em busca de quem um espírito que pudesse me ajudar com o oráculo dos ossos.
Me surpreendi quando Ovelha apareceu.
Perguntei o que ele queria em troca de me ajudar, e ele, com o mal humor arrogante que emana dos carneiros, disse "três meses sem usar lã". Eu aceitei sem titubear e ele disse para eu pendurar no saquinho uma miniatura de crânio de ovelha ou algum outro objeto que marcasse aquilo para ele.
Agora, estou aqui, aprendendo a lançar os ossos e esperando conseguir o favor do carneiro...
(sim, o carneiro que me apareceu era um herdwick, como o da foto, mas todo claro)
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