quinta-feira, 5 de julho de 2012

Ainda sobre o Guerreiro - Caminho Quádruplo

Cada capítulo de um dos quatro caminhos (guerreiro, curador, mestre e visionário) termina com uma série de questões sobre aquele aspecto; reproduzo aqui as questões do guerreiro.
Acho pertinente para quem quer conhecer melhor o aspecto responder esses questionamentos, e a leitura dos comentários é muito ilustrativa do material que se encontra no livro.


Questões

Pense em suas respostas às questões que se seguem. Para desenvolver o Guerreiro interior, formule e responda diariamente as de número 1 e 2.

1-O que é bom, verdadeiro, belo, tão forte em mim quanto o que me sussurra que eu sou medíocre? (ou,na linguagem psicológica contemporânea, minha autoconfiança é tão forte quanto minha autocrítica?)
Se for capaz de responder sim a essa pergunta, você está pronto para fazer valer sua força ou medicina original, em qualquer situação. Se não puder responder "sim" a esta pergunta, você precisa trabalhar com as ferramentas de fortalecimento descritas nesse capítulo.

2-Em que ponto da minha vida parei de dançar? Em que ponto da minha vida parei de cantar? Em que ponto da minha vida parei de me encantar com as histórias que ouço? em que ponto da minha vida comecei a sentir desassossego no doce território do silêncio?
Muitos povos indígenas acreditam que quando pararmos de dançar, cantar, sentir encanto por histórias e começarmos a ter dificuldades diante do silêncio, é aí que termos começado a experimentar a perda da nossa alma ou espírito. Dançando o Guerreiro recupera aquelas partes do eu que se encontram perdidas ou esquecidas. Utilize-se dos cinco ritmos de Roth como ferramentas de recuperação da alma para se auto fortalecer.

3-Quais os líderes e pessoas que corporificaram o "espírito do Guerreiro", que me inspiraram e foram uma fonte de força na história e nos tempos atuais?
As pessoas que o inspiram, assim o fazem porque espelham aspectos de seu próprio Guerreiro interior, fazendo-o lembrar de sua própria e inerente capacidade de liderança. Faça uma lista ou colagem visual dessas pessoas para reforçar os dons do Guerreiro que esperam ser trazidos à luz.

4- Quais foram as pessoas que me agradeceram por minha capacidade de liderança? Quais foram as pessoas que me escolheram para fazer parte do seu time? 
Quando você é reconhecido ou escolhido por sua capacidade de liderança, este é o reconhecimento por sua medicina original, seu Guerreiro interior. 

5- Quais foram meus maiores desafios? De que maneira lidei com eles? 
Reveja os maiores desafios com os quais você já tenha se defrontado. Em que ponto você começou a encará-los com todo seu poder, e vez de evitá-los ou encolher-se de medo? O arquétipo de Guerreiro nos ensina que quando vamos com nosso pleno poder ao encontro de um desafio, colocamos em ação nossa capacidade de liderança e os talentos que são parte de nós. Quando encaramos os desafios com medo, experimentamos o aspecto sombra do Guerreiro.


6- Das três forças universais (a força da presença, da comunicação e do posicionamento), quais as que estão desenvolvidas e quais não? 
Quando, em sua vida, você esteve consciente do poder da presença? Quando em sua vida você experimentou a efetividade ou sua falta com relação a seu poder de comunicação? Quando em sua vida, você teve consciência do poder do posicionamento? O que você pode fazer para desenvolver os poderes que acha que estão pouco desenvolvidos?

7- Que capacidades específicas de liderança possuo? De que maneira, de fato, demonstro essa capacidade em minha família, com relação à minha criatividade, ou em minha vida profissional?

8- Quando perdi meu poder? Que tipo particular de pessoa ou situação aumentam minha falta de coragem? 
Onde e com quem não sou capaz de me apresentar completamento como sou?

9- Onde atuo por minha própria conta, sou auto-suficiente, tomo posições firmes e sei o que não suporto?
As situações nas quais você é capaz de fazer tudo isso lhe permitem experimentar sua autoestima e poder. Sempre que você estiver plenamente visível, e sabendo onde põe os pés, você estará experimentando o que significa estar em seu próprio poder. Trabalhe a prática da meditação em pé como uma forma de entrar em contato com seu verdadeiro eu e de ter a experiência do arquétipo do guerreiro.

10-Que partes de mim encontram-se agora em luta entre si? Qual o maior conflito que, de maneira geral, mais se apresenta em minha vida? Onde,em minha vida, crio desentendimentos? Eu digo o que quero dizer? Faço o que digo?
As duas maiores causas de mal entendidos que conduzem a  conflitos são: não dizer o que realmente queremos dizer e não fazer o que dizemos. Dedique alguns momentos durante a meditação em pé para pedir orientação sobre como poderia alinhar suas ações com suas palavras.

11- Como reajo quando há muito a fazer? Como reajo quando não há nada a fazer?
O líder competente se compromete a manter o equilíbrio pela administração da energia pessoal, tempo e recursos. A arte das cavernas nos revela a importância que era atribuída ao relaxamento e à concentração. As posturas chiltan e os desenhos dos homens-árvores demonstram como os antigos agiam para evitar a sobrecarga nas épocas de muita atividade, e se supriam de conforto nas épocas de inatividade. A natureza era mantida pelos povos antigos como fonte de reabastecimento e renovação. Lembre-se dos "três nãos" da liderança: "Quando houver muito a fazer, não tenha medo; quando nada houver a fazer, não se precipite; não dê opiniões sobre o que é certo e errado. Um líder que consiga ser bem sucedido nessas coisas não se deixará confundir ou iludir por coisas exteriores."

12- De que forma tenho dedicado honra e respeito a mim mesmo e aos outros? Tenho consciência de meus limites e determinações? Honro e respeito os limites e determinações alheios?

13-Em que aspectos de minha vida considero-me responsável e digno de confiança? Em que aspectos de minha vida sou disciplinado? 
Quando não somos responsáveis ou dignos de confiança ficamos sujeitos aos desígnios alheios. Quando não somos disciplinados ou capazes de ser "discípulos de nós mesmos", nos sujeitamos à confusão e ao caos.

14-Qual é minha ligação coma a natureza e com os animais? Passo pelo menos uma hora diária ao ar livre?
A boa saúde e o bem-estar exigem que passemos pelo menos uma hora por dia ao ar livre. Organize seu tempo para fazer isso.
Quais são meus animais preferidos? Nossos animais preferidos,em algumas tradições nativas, são conhecidos como animais aliados. Você consegue identificar seu animal aliado?
Existe algum animal em particular do qual eu sempre tenha gostado ou pelo qual sempre senti uma atração desde a infância? esse pode ser seu "animal de poder". Você possui um animal de poder?

15-Dentre os três aspectos sombra do Guerreiro, quais os padrões de invisibilidade que já experimentei?Em que circunstâncias de minha vida fui um rebelde, tive problemas de autoridade ou passei pela experiência de fazer-me de vítima?
Os aspectos sombra do arquétipo do Guerreiro revelam aspectos da capacidade de liderança que estão esperando por serem reconhecidos. Trabalhe com as ferramentas de poder do Guerreiro descritas nesse capítulo para trazer à tona ou liberar o poder que está adormecido em você.

Alguns trechos do livro O Caminho Quádruplo

Digitei uns trechos sobre o aspecto do guerreiro retirados do livro O Caminho Quádruplo - trilhando os caminhos do guerreiro, do mestre, do curador e do visionário, em uma ótima discussao sobre o aspecto do Guerreiro.

Coloca aqui para quem puder achar útil...


‎"As sociedade indígenas de todo o mundo se relacionam com o processo de fortalecimento por meio do tema mítico e da expressão arquetipica do Guerreiro. Ao longo da história, homens e mulheres que exploraram o caminho do Guerreiro foram chamados de líderes,protetores,magos,aventureiros e exploradores. (...) O princípio que guia o Guerreiro é: mostrar-se e optar por estar presente. O Guerreiro desenvolvido demonstra honra e respeito por todas as coisas, faz uso da comunicação criteriosa, estabelece limites e determinações, é responsável e disciplinado, faz uso correto do poder e entende os três poderes universais (presença,comunicação e posicionamento)."
 
Ela coloca que as ferramentas de poder do guerreiro são o chocalho, a dança, a meditação em pé e os animais de poder.
 
Sobre meditação em pé:
 
"Meditação em pé
O Guerreiro se utiliza do ritmo do silêncio para atingir a integração dos poderes de presença,comunicação e posicionamento. As tradições xamânicas fazem uso da posição em pé e do ritmo do silêncio para treinar os indivíduos na arte de atingir o completo poder sobre si mesmos. Não é raro, nessas sociedades, que os sujeitos orem em pé, por longos períodos de tempo, quando procuram obter visões. Transculturalmente, a prática da meditação em pé é utilizada nas artes marciais, nas práticas espirituais e entre os militares como um meio de reforçar e fazer fundirem-se os três poderes universais da presença, da comunicação e do posicionamento, os quais nos permitem a ligação com nosso ser maior. No Tao Te Ching,Lao Tzu nos recorda a maneira pelo qual o Guerreiro se utiliza e compreende o poder e a dança da vida:
Conhecer o absoluto é ser tolerante
O que é tolerante torna-se imparcial;
O que é imparcial torna-se poderoso;
O que é poderoso torna-se natural;
O que é natural torna-se Tao.

A procura pelo eu em seu pleno funcionamento promete ser o mais frutífero empenho que um líder pode assumir. Ser cheio de poder- poderoso - é a instância natural de tolerância, respeito e imparciabilidade do caminho do Guerreiro."
 
Depois, na descrição da prática meditativa, ela coloca: 
 
"Durante esse tempo e postura sagrados, você é capaz de sentir como é manter-se de pé, sozinho. Ter literalmente os dois pés no chão, tomar uma posição firme, ser independente. Na meditação em pé você experimento o que significa estabelecer limites a partir de um espaço de respeito por si mesmo e auto estima. . (...) Expressar o Guerreiro Interior significa estar atento e presente, sem esforço ou repressão. É a capacidade de ter a posse de sua própria presença e poder pessoal sem desistências ou desvios. Na meditação em pé você experimenta o que significa trabalhar a partir de uma postura de respeito: a disposição para "olhar de novo" a si mesmo e aos outros tendo como base uma posição de força e flexibilidade."