Quando eu buscava por uma identidade para este blog, eu passei por uma dificuldade. Lobo é o professor que aceita todos os alunos. E cada nome que cita o lobo que eu pensava era mais bizarro, pedante ou lugar comum que outro.
Eu sinceramente acho que alguém que quer ser apadrinhado pelo Lobo "porque é legal" deve ser meio maluco, ou não leu as letras pequenas do contrato. Quem me conhece sabe que eu não sou das pessoas que ficou super empolgada por ter um totem tão popular. Aliás, durante uns ans eu duvidei, se aquele que eu via era mesmo o Lobo, ou se eu estava identificando errado outro canídeo. Hoje eu sei que o lobo europeu é bem diferente de um lobo ártico. Lobo não é felpudo e branco, mas magro, ombros largos, escuro, o pelo mesclado de preto e marrom, o próprio lobo da chapeuzinho vermelho.
Amo Lobo. Entendo porque ele me escolheu e agradeço todos os dias porque nenhum professor seria tão paciente. desde criança, Lobo já estava lá. No zoológico, os lobos agitados, o lobo que parou o mais perto possível de mim e me encarou nos olhos. As brincadeiras, onde eu sempre era um lobo. Minha relação de cuidado e ensino com o mundo e as pessoas.
Mas eu não sou aquela que chama atenção, que conhece tudo, que faz tudo certo. Eu sou aquela que sobrevive como pode e é isso ai.
E eu sou manca. As vezes, só um pouquinho. As vezes, puxo a perna de um jeito que não se pode evitar ver. Meu joelho dói sem parar já fazem alguns anos. Acostumei com isso até.
E foi assim, pensando em como poderia dar um nome que não parecesse "wannabe" e que não soasse pedante, um nome que pudesse tirar um riso inicial e quebrar a desconfiança de que eu queria aparentar mais do que sou, e ainda assim que honrasse Lobo, que virei a Loba Manca.
E é isso. A resistência do lobo, capaz de sobreviver a tudo, e mesmo mancando, não parar de andar.
sábado, 16 de outubro de 2010
Se vestindo para o trabalho
Já fazem alguns anos que o Lobo disse que eu deveria fazer uma veste para quando eu fosse trabalhar com questões xamânicas. Na minha última jornada com tambor, eu me vi vestida com esse manto ou capa, e entre outras coisas, decidi que era hora de assumir esse compromisso de uma vez.
Fui em busca dos espíritos para que me mostrassem como deveria ser a veste, e eles me mostraram, em detalhes, como deveria ser.
Levei ainda um mês para conseguir começar a comprar o material necessário para confeccionar tudo, mas hoje finalmente consegui os principais itens de que necessito. Estou muito feliz, porque me surpreendeu que eu conseguisse achar o que fui instrída a procurar, mesmo que tenha andado por mais de três horas em lojas de material para confecção de bijuterias na 25 de março.
Numa veste xamânica, tudo tem um significado, ou seria melhor dizer, uma utilidade. Eu não vou mentir: não sei para que serve cada coisa que vai estar na minha veste. Agora a pouco entendi o motivo de um dos principais itens dela ser como é! Lobo não me deu explicações sobre isso: disse o que devia ser feito, não porquê. É assim que ele ensina, me forçando a fazer, a pensar, a buscar.
O que posso dizer é que embora ela tenha algumas coisas relacionadas a Lobo, forma geral ela está ligada a mim e as minhas experiencias, e vai ir se modificando e alterando conforme eu conseguir me desenvolver no caminho. É genial ver como as coisas vão ganhando um sentido, conforme estudo sobre esse tipo de veste. Eu não sabia como elas costumam/costumavam ser, principalmente dentro do xamanismo europeu e asiático (que acaba sendo muito mais o meu trabalho do que o nativo americano, em muitos aspectos), e me surpreendo cada vez mais em ver como aquilo que Lobo me instruiu é similar a essas tradições.
Espero em breve poder falar mais longamente sobre como ela está ficando, e prometo em breve trazer alguma informação mais e algumas imagens de vestes tradicionais.
Fui em busca dos espíritos para que me mostrassem como deveria ser a veste, e eles me mostraram, em detalhes, como deveria ser.
Levei ainda um mês para conseguir começar a comprar o material necessário para confeccionar tudo, mas hoje finalmente consegui os principais itens de que necessito. Estou muito feliz, porque me surpreendeu que eu conseguisse achar o que fui instrída a procurar, mesmo que tenha andado por mais de três horas em lojas de material para confecção de bijuterias na 25 de março.
Numa veste xamânica, tudo tem um significado, ou seria melhor dizer, uma utilidade. Eu não vou mentir: não sei para que serve cada coisa que vai estar na minha veste. Agora a pouco entendi o motivo de um dos principais itens dela ser como é! Lobo não me deu explicações sobre isso: disse o que devia ser feito, não porquê. É assim que ele ensina, me forçando a fazer, a pensar, a buscar.
O que posso dizer é que embora ela tenha algumas coisas relacionadas a Lobo, forma geral ela está ligada a mim e as minhas experiencias, e vai ir se modificando e alterando conforme eu conseguir me desenvolver no caminho. É genial ver como as coisas vão ganhando um sentido, conforme estudo sobre esse tipo de veste. Eu não sabia como elas costumam/costumavam ser, principalmente dentro do xamanismo europeu e asiático (que acaba sendo muito mais o meu trabalho do que o nativo americano, em muitos aspectos), e me surpreendo cada vez mais em ver como aquilo que Lobo me instruiu é similar a essas tradições.
Espero em breve poder falar mais longamente sobre como ela está ficando, e prometo em breve trazer alguma informação mais e algumas imagens de vestes tradicionais.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Jejuns, restrições e coisas assim
Comecei a jejuar porque Ele mandou. Obedeci sem questionar. Quando contei aos outros, não sei, senti que talvez fosse um pedido surpreendente. Porque Ele é vulgarmente conectado com o exagero, especialmente alcoólico, com a alegria e os banquetes.
Ainda assim, eu não questionei seu pedido. Porque sim, ele é o Senhor da Dança e da Alegria, mas também é aquele que morre e retorna, é aquele que chorou por nós- nós bebemos o seu sangue para nos libertar. Quando sinto suas mãos em meus ombros, sinto que ele é infinita beatitude mas também infinita melancolia. Ele é paradoxal em muitas coisas.
E principalmente - ele é um deus xamã.
No primeiro ano, jejuei desde o equinócio de primavera até o solstício de verão, duas vezes por semana, ficando até o por do sol ingerindo apenas líquidos. Conforme o verão se aproxima, os dias ficam mais longos e também o jejum.
Quando o equinócio passou, eu parei os jejuns assim, feitos sempre duas vezes por semana. Fazia jejum nos dias sagrados, quando ia fazer trabalhos espirituais, mas cotidianamente, parei até chegar o equinócio de primavera. Novamente, de setembro a dezembro, jejuei duas vezes por semana.
Agora, estou jejuando pela terceira vez. Não é uma mortificação - não sou cristã, então meu jejum não tem esse sentido. É uma purificação, sim. E principalmente, entendo agora porque ele pediu isso, é uma forma de me concentrar nEle, no meu trabalho espiritual, e deixar o corpo fora do seu padrão cotidiano. Forço meu corpo a um outro ritmo, e clareio a mente.
Quando preciso trabalhar com o transe, já percebi que o jejum torna muito mais fácil o sair do meu estado normal de consciência. O jejum é uma ferramenta do meu preparo espiritual. Eu me privo de algo físico e com isso abro espaço para a meditação e para o espírito.
Este ano, não tenho mais um grupo que dê suporte ao meu trabalho espiritual. Me questionei se deveria continuar com o jejum, e quando me dei conta já havia cumprido vários dias apenas tomando líquidos do nascer ao por do sol.
Além disso, decidi por em prática algo que estava reticente em fazer. Em sonho, Ele apareceu para mim já fazem alguns meses e sugeriu que eu parasse de fumar. Não foi uma ordem, mas um pedido.
Decidi que durante a temporada de jejum, também vou me abster do cigarro. Uso o tabaco como um remédio para a ansiedade, um foco para conversas que exigem inspiração. Fumo muito pouco, só em ocasiões assim, mas mesmo assim, Ele pediu que eu parasse, então porque não obedecer?
Durante meus jejuns, normalmente bebo leite, suco de laranja ou de uva, e uma eventual caneca de caldo quente. Bebo muita água. Na maioria das vezes, bebo um copo de leite adoçado pela manhã, goles de suco durante o dia (preparo 1/2 litro de suco para o dia todo), um copo de leite no final da tarde, e rompo o jejum comendo uvas ou pão de canela. Mesmo depois de rompido o jejum, evito comer coisas que não se relacionem a Ele, ou alimentos muito industrializados. O que me cai melhor é carne mal passada e pão, mas eu como muito pouca carne no meu dia a dia, então deixo isso para momentos especiais do processo.
Eu gosto desse processo, mas ainda estou longe de domina-lo. Este é o terceiro ano do jejum de primavera, e começo a pensar em que talvez eu possa como os hindus jejuar na lua nova e na lua cheia.
Hoje, meu corpo está leve, e embora não tenha conseguido meditar ou orar mais longamente, me sinto satisfeita.
Ainda assim, eu não questionei seu pedido. Porque sim, ele é o Senhor da Dança e da Alegria, mas também é aquele que morre e retorna, é aquele que chorou por nós- nós bebemos o seu sangue para nos libertar. Quando sinto suas mãos em meus ombros, sinto que ele é infinita beatitude mas também infinita melancolia. Ele é paradoxal em muitas coisas.
E principalmente - ele é um deus xamã.
No primeiro ano, jejuei desde o equinócio de primavera até o solstício de verão, duas vezes por semana, ficando até o por do sol ingerindo apenas líquidos. Conforme o verão se aproxima, os dias ficam mais longos e também o jejum.
Quando o equinócio passou, eu parei os jejuns assim, feitos sempre duas vezes por semana. Fazia jejum nos dias sagrados, quando ia fazer trabalhos espirituais, mas cotidianamente, parei até chegar o equinócio de primavera. Novamente, de setembro a dezembro, jejuei duas vezes por semana.
Agora, estou jejuando pela terceira vez. Não é uma mortificação - não sou cristã, então meu jejum não tem esse sentido. É uma purificação, sim. E principalmente, entendo agora porque ele pediu isso, é uma forma de me concentrar nEle, no meu trabalho espiritual, e deixar o corpo fora do seu padrão cotidiano. Forço meu corpo a um outro ritmo, e clareio a mente.
Quando preciso trabalhar com o transe, já percebi que o jejum torna muito mais fácil o sair do meu estado normal de consciência. O jejum é uma ferramenta do meu preparo espiritual. Eu me privo de algo físico e com isso abro espaço para a meditação e para o espírito.
Este ano, não tenho mais um grupo que dê suporte ao meu trabalho espiritual. Me questionei se deveria continuar com o jejum, e quando me dei conta já havia cumprido vários dias apenas tomando líquidos do nascer ao por do sol.
Além disso, decidi por em prática algo que estava reticente em fazer. Em sonho, Ele apareceu para mim já fazem alguns meses e sugeriu que eu parasse de fumar. Não foi uma ordem, mas um pedido.
Decidi que durante a temporada de jejum, também vou me abster do cigarro. Uso o tabaco como um remédio para a ansiedade, um foco para conversas que exigem inspiração. Fumo muito pouco, só em ocasiões assim, mas mesmo assim, Ele pediu que eu parasse, então porque não obedecer?
Durante meus jejuns, normalmente bebo leite, suco de laranja ou de uva, e uma eventual caneca de caldo quente. Bebo muita água. Na maioria das vezes, bebo um copo de leite adoçado pela manhã, goles de suco durante o dia (preparo 1/2 litro de suco para o dia todo), um copo de leite no final da tarde, e rompo o jejum comendo uvas ou pão de canela. Mesmo depois de rompido o jejum, evito comer coisas que não se relacionem a Ele, ou alimentos muito industrializados. O que me cai melhor é carne mal passada e pão, mas eu como muito pouca carne no meu dia a dia, então deixo isso para momentos especiais do processo.
Eu gosto desse processo, mas ainda estou longe de domina-lo. Este é o terceiro ano do jejum de primavera, e começo a pensar em que talvez eu possa como os hindus jejuar na lua nova e na lua cheia.
Hoje, meu corpo está leve, e embora não tenha conseguido meditar ou orar mais longamente, me sinto satisfeita.
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